terça-feira, 23 de março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

21/março/2010 - 01:32 h

Quero lhe contar algo muito especial: essa noite voei com os pássaros! Sim, verdade... Eles iam alto e eu logo atrás. Não entendi como atingi tamanha altura, sem ter asas ou qualquer compartimento “moderno” que pudesse me fazer atingir essa altitude.
Meus olhos brilhavam a todo instante e um sorriso aventureiro surgia como se a jornada fosse ser contemplada por fogos de néon transcendentais, que fosse chover algodão doce e todo o chão pudesse ser colorido (não podia ver meus próprios olhos, mas sabia que brilhavam!)... Ahhhhh, era colorido que via tudo lá de cima...
Uns pontinhos luminosos se aproximavam, me assustei um pouco, vieram arrepio, desconfiança e medo... Reverberou-se em um tremendo frio... Pufff – estava na terra novamente!!
-Cadê os pássaros? Cadê os assustadores pontinhos luminosos??
Comecei a caminhar, o fato de ter caído bruscamente do flutuante (literalmente) estado anterior, fez com que não fizesse diferença o caminho pelo qual andava. Antes de saber como havia parado no céu, voltei para esse lugar no qual me encontro há tanto tempo... Uma árvore! E entre suas inúmeras folhas pude ouvir um canto (nobre canto!)... Folhas escuras e pequeninos sinais de flores chegando... ou flores que já se foram – afinal: iniciava-se outono!
Ah, a curiosidade estimulada pela harmoniosa melodia... Eram vários sons... Encostei-me de costas na árvore... Me questionava sobre a esquisitice de um sábado cheio de sol e me lembrava que minha mãe devia ter limpado a casa bem cedo, feito um café do qual não me agrada muito e que meu coração sentiu sua falta... (dia comum... dia de saudade!)...
Fechei os olhos. Dizem que fechar os olhos nutre a imaginação, e poderia ter sido ela o agente de viagens que me levou junto, com os pássaros (aeromoças de asas). Novo arrepio, aliás, vários... Fortes e constantes que me faziam sentir o couro cabeludo atingindo uma nova dimensão. O respirar tornou-se ofegante, a sensação era forte e a pressão parecia fazer a força gravitacional mais forte ainda – sentei!
Ainda com olhos fechados ouvi o canto se aproximando. Será que ele escutou o acelerado batimento cardíaco agora mais intenso? Um leve toque foi sentido em minhas mãos (cravadas na grama com suas algumas folhas secas), não a levantei em retirada, era suave... Não quis também abrir os olhos, correr o risco de mais uma vez quebrar o sentido antes mesmo de poder entender...
Uma paz interior cresceu em uma proporção inexplicável... O canto já havia me hipnotizado, mas percebi que ele se afastou, afastou, afastou... Até que só restaram vestígios da melodia já internalizada... Abri os olhos lentamente. O respirar acalentado e um corpo leve (quase o mesmo que voava...), olhei ao redor e nada de diferença se encontrava por ali. Toquei a árvore com as mãos, aproximei a face para sentir o aroma... Um impulso me fez checar o outro lado, uma marca...
“ACREDITE”! Marcado com alguma pedra pontiaguda... ou quem sabe com um athame ou canivete mesmo... Fechei novamente os olhos, me veio a imagem da menina mulher voando com os pássaros, feliz no início pela aventura de sentir-se livre, em um lugar cheio de energias peculiares, e a quebra pelo medo de se aproximar do desconhecido...
Foi como se um espelho tivesse sido colocado diante meus olhos... percebi que a metáfora vivida com tanta realidade por meu corpo/alma/espírito, era uma premissa do que de fato me faz agir diante as dificuldade de escolher... Escolher!!
Acreditar que sou capaz de mover moinhos, acreditar que dentro de mim tem um universo de possibilidade... Acreditar firmemente que se “cair do céu”, independente da altitude, terá um canto para acalentar e uma árvore para renovar as energias, revitalizar, fazer-me levantar e continuar caminhando...
Respirei profundamente, abri os olhos (internos e externos), retirei da roupa algumas folhas grudadas... Escolhi a estrada que deveria tomar... -É essa! Sussurrei pra mim mesma... E prossegui em meu caminho.