terça-feira, 8 de junho de 2010

Dose de reflexão

Direciona-se por entre as curvas do corpo a energia da experiência da imobilidade. Um despertar... A impossibilidade dessa imobilidade representa a falta de domínio sobre poesias desse corpo, já que a mente insensata movimenta o tempo todo, tão quanto os órgãos que nos deixam vivos...
O tempo todo agregando às ações, aos pensamentos – coisas (verbalmente nossa moral nos repreende expressar sobre a maioria de nossos agregados)... Querendo fulminantemente mergulhar em um caminho com uma volta no mínimo imprecisa.
Nesse momento as articulações se travam, a boca resseca e os olhos desejam fuzilamento!
A destruição pode ser vista poeticamente, por quê não?
É só colocar uma pitada de argumentações baratas, que destruir vira acessório de uso habitual. Destruir passa a fazer parte do arsenal de compensações dadas à sua mente por estimular as "coerentes" atitudes cotidianas...
A mesquinhez astuta deixa uma gota de inocência... O que torna mais fácil o desprezo, a indignação e sobretudo o reconhecimento do (eu) fazer parte de tudo, que reverbera nos prazeres e dores de viver.
As relações estão desacerbadamente inconsequentes, sem questionamentos, sem escrúpulos... São relações onde os ditos ético e moral são (re)formulados por necessidades hipócritas de poucos, esses que quando ostentam regras cobrem com um lenço escuro-obscuro o espelho à sua vista, pois de modo algum aquilo poderia intervir em sua puril integridade.
Não saberia dizer se nas mãos de artistas e escritores estariam somente a sublimação dessas vivências lançadas no inconsciente (momento de contato primeiro com Freud), mas sei que somente dessa forma consigo expressar um pouco do que percorre fervorosamente em minhas veias.
É como se não bastasse olhar nos meus olhos e dizer que terei um bom dia...Isso tem lá sua importância, já que de alguma forma devo reconhecer que o desejo de um bom dia não é um egoísmo, mas talvez uma maneira esperançosa de estar no mundo, de estar em vida e sobressaltar as artimanhas humanas, as artimanhas de minha espécie.
Driblar pensamentos, seus e alheios, é um exercício diário. Até uma folha de árvore que cai provoca infinitos anseios que pulsam no pensamento, declinam sobre a emoção e reverberam em uma reação, por mais sutil que seja. Agora pensar em estrondosos acontecimentos, nos quais uma massa inteira reage ao mesmo tempo, é realmente concluir sobre o quanto estamos vulneráveis ao desconhecido.
Afinal, conhecemos cada dia mais sobre todo o universo que nos cerca, mas o universo interior, o universo humano, de maneira cada vez mais imensurável é perigosamente desconhecido...
Para que conhecer o interior, se movendo uma folha eu consigo mobilizar uma multidão a meu favor?
O domínio se faz assim, dos poucos que conhecem a sua especie e usa de seu conhecimento a seu favor... O difícil nesse sentido, além da tênue possibilidade do egoísmo engolir o dominador, é ver-se no lugar do dominado... Ver o quanto esses papéis são invertidos o tempo todo, e questionar se realmente o equilíbrio ainda tem espaço em alguma existência...